terça-feira, abril 19, 2005

Âmbito do inferno

(...)Olhos negros e vazios
Nos espreitam
A ruína da vida
Caminha ao nosso lado(...)

- Seu idiota, agora você vai morrer. As palavras proferidas a brados incisivos o tomou de assalto. Não sabia o que tinha feito e nem teria tempo de questionar o motivo do contexto surrealista que se formava a sua frente. Ensandecido, o autor da frase veio na sua direção com uma picareta em punhos. A expressão em seu rosto era doentia.
- Seu pedaço de merda, quero ouvir você gritar de dor. Andando para trás, o pavor da morte tomou conta de si. Como tinha chegado até ali? O que tinha feito para estar nessa situação? Não obstante, no mesmo momento uma ira descontrolada dominou-o completamente (estava no seu âmago o tempo todo ou surgiu naquele cenário de desespero?).
Todo aquele medo despertou o que havia de mais torpe e vil no seu cerne. A sabedoria entumecida pelo mais completo negrume apontou a direção e ele já sabia o que fazer. Um sorriso sarcástico apareceu nos seus lábios. Esperou o sujeito chegar perto. Quando estava a dois passos ( a picareta já estava para trás e o movimento final seria em direção ao seu peito), sacou o calibre 38, 76mm. O tambor girou três vezes ininterruptamente e bruxuleou o local. Sangue e fluídos cerebrais se espalharam por todos os lados e sujaram a sua roupa. Avesso a isso, chegou perto do corpo. Quem é o merda da história agora, seu filho da puta? E disparou mais três vezes.

"(...)O crime é venerado e posto em uso por toda a terra,
De um pólo a outro se imolam em vidas humanas.
No reino de Zópito os pais degolam os próprios filhos,
Seja qual for o sexo, desde que sua cara não lhes agrade.
Os coreanos incham o corpo da vítima a custa de vinagre
E depois de estar assim inchado, matam-no a pauladas.
Os irmãos Morávios mandavam matar com cócegas(...)"
Fragmentos de "Dissertação do Papa sobre o crime seguido de orgia"
Marquês de Sade