Das reticências do passado
A esperança morta nasce apenas para trilhar o silêncio e regressar à finitude
Como posso estar preso se não há paredes me perseguindo?
Entre ruínas jamais vistas, organizo minhas derrotas ainda não conquistadas
Sentado em um canto ermo e lúgubre, a mente observava como o coração estava perdido. Por mais que tivesse o afã de ajudar, sabia que ele teria que encontrar o caminho sozinho. Certo disso, apenas acenou e com um sorriso triste, desejou-lhe boa sorte.
A esperança morta nasce apenas para trilhar o silêncio e regressar à finitude
Como posso estar preso se não há paredes me perseguindo?
Entre ruínas jamais vistas, organizo minhas derrotas ainda não conquistadas
Nas cinzas preteridas, palavras forjadas no limiar da honra remetem ao som tonitruante do silêncio
Quando os vis vociferarem que o hoje não tem a importância do ontem nunca presenciado
O amanhã é o futuro envelhecido fundido na bruma da desesperança
Os injustiçados se reerguerão entre os escombros íntegros, pelas mãos dos ímpios esperançosos
E cada caminho destinará à noite bruxuleante da culpa reconhecida
O barulho do silêncio
O caminho surdo
Incita o amálgama da solidão
O turbilhão da tempestade solitária
Entre o mosaico do passado
E as faces do futuro
O presente ergue o muro
Escudos amorfos frente à trilha do descaso autômato?
Nada mais do que o vazio
O máximo da tristeza é expresso nas lembranças mais ínfimas
A realidade é o esboço da verdade apresentado para poucos
A honestidade dos sentimentos vívidos são laivos de privilégios para alguns predestinados
Espaços vazios constantes, preenchidos pelo nada absoluto da desilusão
O que são certeza e dúvida quando o âmago é sorver a incredulidade morta pelos jogos das sombras?
O quanto é possível ficar distante de si próprio até não conseguir preterir mais os escombros andarilhos da alma?
E na escuridão do dia mais claro
O espírito desiludido sentencia ao mesmo tempo todos os sentimentos culpados e inocentes
Entre milhares de olhares o cego enxerga o invisível, a forma da decepção
“Deixe-me sozinho”, brada o desiludido
Na verdade, ele teme segundos de companhia e séculos na escuridão
E cansado das promessas não entende como o simples é inalcançável
Torrentes de sombras acossam o que era tão vívido
Caminhar sem direção, tropeçar em degraus ilhados por anos do Nada Absoluto
Herege, culpado por acreditar na verdade absoluta sempre enganada e preterida
Mãos enxugam olhos cansados e úmidos que apenas querem ficar sozinhos?
Enquanto as horas arrastam a noite para a luz
E os olhos ardem com o ruído uníssono das sombras
Tolos e esperançosos se equilibram no terror da crença
O invisível é enxergado em cada esquina da mente e a existência do apócrifo é a realidade das respostas sem perguntas
A penumbra se move entre morte e esperança de palavras como erros proferidos para assumirem o posto da verdade
A certeza nada mais é do que um jogo do quotidiano sem rumo
A sinceridade é o andarilho calado dos dias infindáveis e soçobrados pelo vazio
"E ao avistar a cerimônia dos póstumos honrados, tentei criar um mosaico de justiças diferentes para encontrar a integridade única."
E quando o insensato é a realidade
E a única verdade é a desilusão do óbvio
A incerteza mostra que a resposta está em cada sombra das palavras
Entre olhar para trás e seguir em frente
Esconder-se sozinho entre o perdido e o impossível
Mostra como os erros sempre são os arautos da integridade ignorada
Quanto mais o nada não é ouvido
E o vazio preenche os espaços que jamais deveriam perdurar
Não existe motivo quando a razão é a sentença definitiva
E entre escritos em brasas, as cinzas são tudo o que deveria ficar registrado nos olhos