sábado, dezembro 23, 2006

Ruínas da paz

Eu voltei das sombras
Mas continuo na escuridão
Tenho cortes profundos em meus pensamentos
E as minhas verdades estão sozinhas

Retornei ao início, busquei respostas quando as dúvidas ainda não existiam
Irmão integridade, irmã honra
Até quando ficarão perdidos nas promessas eternas?
E sem proteção na tempestade dos ignorados injustamente?

Esqueci meu perdão
Ignorei minha paz em um reflexo lendário da minha esperança
Estou novamente nas terras incertas da introspecção
Indo para baixo e sem garantias de encontrar o significado abandonado

Na noite mais densa
Escoltado pela sombra mais pesada
A solidão forma exércitos perenes em cada medo da alma
Feliz por enxergar o indefinido
Entendi que o laivo de alegria é o prelúdio dos olhos cansados que procuram uma saída das armadilhas dos dias turvos

domingo, dezembro 10, 2006

Tratado das sombras

Nas ruínas de um sonho destruído
Escritos perdidos indicavam os erros do futuro
“Não caminhe no fogo da honra”, dizia o guardião da tempestade
Sozinho na gênese da destruição, percebi que o fim sempre foi a dúvida que nunca quis confrontar nos limites incertos da honestidade

Com a fronte preocupada
Febril pela esperança desacreditada
Procurei a luz efêmera
Em becos escuros da minha mente

“O limite das sombras é o início de tudo”, repetia a mim mesmo
Um exército solitário se forma contra todos os meus pesadelos
Na batalha, a minha vitória será a ruína das minhas crenças
Sou meu próprio inimigo e aliado ao mesmo tempo

Certo ou errado, nada importa quando o veredicto da alma já está definido
Ao destruir meus pensamentos, criei os algozes dos sentimentos que não posso ignorar
Como viver quando isso não é permitido?

domingo, dezembro 03, 2006

Cáustico

Na insônia da solidão
Escondeu as lágrimas nos cantos mais obscuros da alma
Sentia-se fraco, a escuridão era a única presente
Mas no mundo cínico em que vivia
A necessidade de fingir que era forte e composto do vazio que afasta tudo que seja vivo sempre prevalecia

Delírios sóbrios delimitavam cada passo
Noite eterna ritmada por passos irradiados de erros repetidos eternamente
Para sobreviver, ignorava a si próprio cada vez mais
Andarilho do nada, estava à procura da distorção da dor
Buscava respostas tempestuosas na calmaria agonizante que sentia

Ao seguir a honra nos desígnios das suas ações
Observou que seria mais um nos contos injustos da vida
Nem melhor ou pior, apenas outro que errou ao tentar escrever linhas certas em um livro que nunca será lido
Dissidente da própria esperança, voltou às evidências daquilo que acredita
Não precisa de ninguém para lembrá-lo da salvação
Ainda enxerga a vida, mas não pode senti-la nos olhos

Traçou mapas da esperança
Mas não tinha coragem de segui-los
O que fazer quando o sentimento mais sincero aponta o caminho e é impossível ir em frente por causa de cicatrizes nunca sofridas?
Na destruição que remete ao início, não conseguia encontrar a própria gênese
Não procurava respostas, apenas não queria enxergar mais o obscuro