quarta-feira, setembro 28, 2005

O Dia

Quando os heróis estiverem mortos, a esperança for uma simples lembrança vazia no labirinto tempestuoso da escuridão, a luz se erguerá das sombras, e tudo, tudo será diferente. Ela surgirá em um dia cinzento, para marcar que tudo pode se transformar; nem a mais sórdida escuridão pode roubar aquilo que carregamos de melhor em nós, por mais que estejamos soterrados nas sombras. Seremos irmãos na integridade, a justiça alcançará a todos. O olhar do fraco não será subjugado pela exploração e escravidão; ele será amparado pela ajuda daqueles que encontraram o caminho e que sabem que se deixarem alguém para trás, serão tão desprezíveis quanto os exploradores.

domingo, setembro 25, 2005

Carta do EU analisando a SI PRÓPRIO enviada para a INTROSPECÇÃO

“Cara Introspecção,

Aqui estou Eu novamente. Com idéias repetidas, palavras surradas de tão usadas. Tenho que encarar muitos fatos que por minha vontade, jamais deveriam existir. Essa é a ótica daqueles que enxergam tudo com o olhar pessimista mais incisivo? Porém, comigo é a dúvida mais sincera, de conhecer o motivo. Sim, o motivo preponderante, a pergunta lacônica, mas intrínseca no âmago de todos. Por quê?
Talvez o que importa não seja a questão, mas sim as causas que nos levam a essa singela indagação, não obstante extremamente complexa na maioria dos casos. Sinceramente, eu não sei. Nada de euforia ou melancolia perante o que enxergo. Mas tentar entender - para proporcionar uma satisfação a Si Próprio -, essa simples ação já basta para a resposta se tornar um tanto abstrata. Para onde eu olho, tento encontrar a explicação. Contudo, o que eu percebo é que não existe a resposta miraculosa. Muitos podem dizer que passamos por aquilo que estamos destinados; a trilha que todos percorremos talvez esteja na minha frente e eu não a enxergue. Um ignorante emotivo, quem sabe?
Certos contextos incitam você a tirar conclusões que não fazem parte das suas convicções e levam os sentimentos a situações exaustivas. E isso não ajuda em nada; nessas horas o equilíbrio é essencial e nesses momentos ele insiste em desaparecer. Droga, isso é uma porcaria e é diário. O cotidiano não deixa esquecer e os dias de hoje são incertos.
Talvez tudo isso seja resultado somente dos meus pensamentos e eu não deva me preocupar tanto. Afinal de contas, tudo tem um desfecho e até as palavras mais eruditas jamais expressarão os sentimentos mais sinceros.

Atenciosamente,
EU”

segunda-feira, setembro 19, 2005

Segundos sombrios, arraigados ao cotidiano

A penumbra da noite
Transforma-se no inferno
Nada a implorar
Apenas chamas envolvem almas

Sufocado pela fúria
Não conseguir ficar de pé
A hora da dor chegou
A esperança somente aumenta o suplício

Nada existe
Além da desilusão
Mãos trêmulas persignam desordenadamente
O ínterim nada mais é
Que o interlúdio maldito

Abrir os olhos
Tudo continua igual
Mas algo mudou
O inferno agora é visível
Dias de batalhas intermináveis, noites de angústias infindáveis

quarta-feira, setembro 14, 2005

Incidental

Qual o preço a se pagar
Quando o que se sente é incalculável
Feitos jamais relatados
Mostram a verdade
Que nunca foi conhecida
Palavras perdidas em dias soturnos

Realidade incompreensível
Porém aceita por todos
Hordas de fé caminham pela terra desolada
Guardiões do nada buscam o motivo perdido há muito tempo
A verdade só é válida para aqueles que sabem que o sofrimento pode ser o fim de tudo

Esquecer os valores da honra
Que o seguem pela vida afora
É assentir que você está acabado

Caminhando na própria escuridão
Traído pela própria sombra
Sozinho, não importa o destino
A salvação não é melhor do que a paz que nunca sente
Derrotado por um coração cego
Linha tênue da tristeza pende para o passado
A ordem é olhar para frente
Por mais que as lágrimas rememorem lembranças
E transformem-se em cicatrizes vindouras da felicidade anacrônica

Ir embora
Quando não existe um lar
Promessas exauridas
Ninguém que chore a falta
Para onde olhar
E enxergar a alma?

A dúvida angustiante reflete
Mãos escrevendo histórias
Que não reconhece
Anseio da compaixão
Bradado pelo acorde triste
De tempos estranhos

terça-feira, setembro 06, 2005

Sombras

Brumas incandescentes
Golpeiam dúvidas erguidas na luz da introspecção
O quão forte é o devaneio
Para eu lutar e voltar à realidade
Das chamas amorfas da verdade?

Quantas vezes a desilusão
É o motim dos desesperados
Que renegam a si próprios
E passam a viver de destroços
Em dias eternamente cinzentos?

Ninguém por perto no crepúsculo da esperança
Olhos cegos sonham com o horizonte
Dias que parecem noites
Noites que remetem ao precipício sem fim
Lágrimas são palavras abafadas pela melancolia do sorriso triste que não renega a esperança

Tempestades perenes acossam o norte sem rumo,
o destino solitário da imprecisão absoluta

Rascunhos taciturnos
Delimitam a fronte sombria da dúvida
Mas não expressam a busca pela luz

quinta-feira, setembro 01, 2005

Ermo

A saudade dos velhos tempos evidencia o quanto o futuro é incerto. Porque o inferno, o inferno é aqui, no meu pensamento. Contudo, a paz e a esperança também estão presentes. A desordem dita o rumo. Ora melancólico, ora otimista. Os dois lados caminham juntos e são intrínsecos.
Muito mais sombrio e triste do que desejo, não por escolha e sim por sentimento e no final, sempre existe um preço a se pagar. Interessante como todos desejam o mesmo e buscam caminhos diferentes para obter sucesso. A trilha é tortuosa e muitos se perdem e desistem na travessia.
Não sei se estou certo ou errado; não sei o que fazer e nem tenho como pedir mais tempo; ele se esvai perante meus olhos... Levando embora aquilo que entendo apenas tardiamente, o que faz com que eu fique muitas vezes contra mim mesmo. Em certos momentos desejar o impossível é uma fuga para não encararmos o que não queremos. Quantas vezes isso já foi dito ou escrito? Essa verdade universal? Já fiz isso alguma vez? Talvez ou quem sabe, com certeza.
Sombras e luz, todos carregamos os dois elementos; somos resultado de ambos. E caso possamos escolher algo nessa vida, é de qual lado ficaremos.