quarta-feira, maio 31, 2006

G18/31-05 (06)

No vazio, as palavras se perdem e os sentidos ficam amorfos. Mais do que encontrar o rumo e definir as incertezas absolutas da vida, é válido conhecer a tristeza para saber que tudo é o espectro desiludido da esperança, delimitado pela sombra da luz.

terça-feira, maio 16, 2006

Sintomas de um dia

No estranho ponto em que não há volta, a mente esquece o que ainda não foi lembrado e o vazio ocupa todos os pensamentos. O ócio são as ações e os olhos fechados ao mundo, a conseqüência.

domingo, maio 07, 2006

Construindo a escuridão

Em passos tímidos
Agoniza palavras de esperança
Fronte cansada observa a luz distante
Aquilo que aspiramos é o paraíso quando comparamos com o que temos nas nossas mãos

Ah sim, o paraíso
Um poeta disse certa vez
Se você acha que o paraíso é de graça, deixe-me mostrar algumas cicatrizes
Não sei onde as minhas estão

Talvez a felicidade seja a própria cicatriz
A alegria são marcas conquistadas durante a vida
Não preciso me acalmar
Sou um poço de serenidade cercado por todos os meus medos

Sombras são companheiras eternas
Quando se está no limiar da escuridão
Antes eu era tão confuso, agora tudo está tão claro
A certeza dos tolos nega que a vida é um momento indefinido a cada instante em que a respiramos

sábado, maio 06, 2006

O homem simples, de volta às sombras

O homem simples olhava para a própria vida
A simplicidade da sua índole era o enredo da solidão
Na busca pelo essencial, passava despercebido por todos
Os muros fecham-se à sua volta
Sombras perenes no céu retumbante da discórdia

O homem simples desejava aquilo que nunca teria
A escrita dos seus anos vindouros evidenciava o fardo que carregaria
Aquilo que deseja era a essência para viver
Ao mesmo tempo, era a responsável pela escuridão
E a indagação que carregará por toda vida assolava o coração cansado
“Como conseguirei viver se todos os dias eu tenho que matar tudo o que penso e sinto?”

O homem simples constatava como não fazia falta a ninguém
Vagando como um nômade eterno na realidade fria
Sabia que era mais um entre muitos
E que sozinho, era mais um entre o nada
Nos escritos da vida, seria a palavra apagada

O homem simples seguiu a trilha correta
Honrou os póstumos, orgulhou os que estavam vivos
Nos autos da sociedade covarde, bradou épicos de coragem
Na certeza da integridade, suportou as conseqüências do desprezo
Na esperança do afago, encontrou apenas o ruído do silêncio gélido

O homem simples estava cansado
Você consegue conviver com a dor
Mas fica impossível suportá-la
Quando ela se torna o próprio amanhã
Como encontrar a salvação?