sábado, abril 30, 2005

Embate introspectivo

Ações determinadas que são dizimadas
Por mim mesmo
Eu censuro meus pensamentos
E esmago meus gritos

O conflito é comigo
Preciso me matar
Para sobreviver
Quais são os meus pontos fracos para eu me derrubar?

Batalhões dos dois lados são formados
Os pelotões estão prontos para a escaramuça
O armistício é um disparate a essa altura
Eu contra eu
E eu preciso vencer

Sou o meu pior inimigo
Não serei preso por mim
Vou me derrotar
Para seguir em frente

quinta-feira, abril 28, 2005

Vazio construtivo

Quando não há nada para escrever, linhas vazias já dizem tudo.

quarta-feira, abril 27, 2005

Escuro

Marionetes cegas caminham por todos os lados
Quem as controlam?
As emoções são programadas?
Os pensamentos, pré-elaborados?
Onde estão os fios conectados à vontade dos bonecos inanimados?

O contrato social está enviesado
A lei da plutocracia subjuga
Cada um por si e Deus com pena de todos
Ria da desgraça alheia e chore na sua

Todos somos vítimas e carrascos
No pedestal da inércia egocêntrica

Os olhos cansados continuam abertos
O homônimo da opressão é a indiferença

segunda-feira, abril 25, 2005

Mente cansada

Viver cada minuto como se fosse o primeiro
Para esquecer,
recomeçar
É o subterfúgio ideal?

Como o inexistente pode ser tão real e concreto?

Feche os olhos
E veja o que quer
Abra-os
E enxergue tudo aquilo que machuca

domingo, abril 24, 2005

Dias

Sentado no muro da ignorância
Percebeu que ao seu redor o que mais existia
Eram eloqüências absurdas e egoístas

Tentou se livrar procurando a mão que viu ao seu lado
Não a alcançou e p(r)ost(r)ado no mesmo lugar
Virou mais um tijolo no muro da discórdia

sábado, abril 23, 2005

As elucidações de uma mente errante continuam

Sufragado pela inexistência do sentimento único
Alienado pela coerção da solidão mordaz

Agarrou toda a maledicência que o acossava
E soçobrou
Nas ruínas dos seus ideais natimortos

Espalhados pelos campos ermos e fustigados
Não conseguia recolher seus sentimentos,
meros fragmentos amofinados e acabrunhados
De uma alma triste e sozinha

sexta-feira, abril 22, 2005

Uma situação

Esquecer aquilo que nunca existirá é a mais árdua de todas as dificuldades que enfrentamos na vida.

Nada é como planejamos

Eu minto e qual é o motivo?
Me engano
Me escondo
De tudo aquilo
Que vejo, penso e sinto

Sei o que quero
Sei o que sinto
Mas as dúvidas
Apenas aumentam

O sistema é podre
A repressão é existencial
Ela está aí
Na nossa frente

Apenas quero ser sincero
Mas isso significa muitos riscos
Quero pagar pra ver
Mas não tenho a moeda de troca

Não quero mais me sentir sozinho
Onde está a minha desilusão?

Dos sentimentos e pensamentos

Quanto mais o saber
Dominava seu discernimento
Mais constatava
Que a ignorância
Era um estado de graça

Nada mais importa
Quando os pensamentos e sentimentos
Caminham por trilhas opostas

Palavras abafadas
Frases nunca proferidas
São as abstrações mais intrínsecas
De sentimentos reprimidos

A covardia emocional é o mal de todos os séculos
A nulidade é o auge da boçalidade
A solidão mais incisiva não é párea para o mais simples e terno olhar

quarta-feira, abril 20, 2005

Luz cinza

Na penumbra, não conseguiu encontrar a sua alma entenebrecida pela angústia.

terça-feira, abril 19, 2005

Âmbito do inferno

(...)Olhos negros e vazios
Nos espreitam
A ruína da vida
Caminha ao nosso lado(...)

- Seu idiota, agora você vai morrer. As palavras proferidas a brados incisivos o tomou de assalto. Não sabia o que tinha feito e nem teria tempo de questionar o motivo do contexto surrealista que se formava a sua frente. Ensandecido, o autor da frase veio na sua direção com uma picareta em punhos. A expressão em seu rosto era doentia.
- Seu pedaço de merda, quero ouvir você gritar de dor. Andando para trás, o pavor da morte tomou conta de si. Como tinha chegado até ali? O que tinha feito para estar nessa situação? Não obstante, no mesmo momento uma ira descontrolada dominou-o completamente (estava no seu âmago o tempo todo ou surgiu naquele cenário de desespero?).
Todo aquele medo despertou o que havia de mais torpe e vil no seu cerne. A sabedoria entumecida pelo mais completo negrume apontou a direção e ele já sabia o que fazer. Um sorriso sarcástico apareceu nos seus lábios. Esperou o sujeito chegar perto. Quando estava a dois passos ( a picareta já estava para trás e o movimento final seria em direção ao seu peito), sacou o calibre 38, 76mm. O tambor girou três vezes ininterruptamente e bruxuleou o local. Sangue e fluídos cerebrais se espalharam por todos os lados e sujaram a sua roupa. Avesso a isso, chegou perto do corpo. Quem é o merda da história agora, seu filho da puta? E disparou mais três vezes.

"(...)O crime é venerado e posto em uso por toda a terra,
De um pólo a outro se imolam em vidas humanas.
No reino de Zópito os pais degolam os próprios filhos,
Seja qual for o sexo, desde que sua cara não lhes agrade.
Os coreanos incham o corpo da vítima a custa de vinagre
E depois de estar assim inchado, matam-no a pauladas.
Os irmãos Morávios mandavam matar com cócegas(...)"
Fragmentos de "Dissertação do Papa sobre o crime seguido de orgia"
Marquês de Sade

sexta-feira, abril 15, 2005

Fragmentos de um dia

Não sabia quando tinha se perdido, o exato momento em que deixou de ser a pessoa que era. O único desejo era que tudo fosse como antes. Impossível.
Se perdeu nas próprias idéias, chafurdou-se no sarcasmo que ele mesmo fomentou e tinha medo de encarar-se.
Mas precisava acabar com isso, tinha que ser sincero consigo, principalmente com os seus sentimentos. E Deus, como se sentia sozinho.

terça-feira, abril 12, 2005

Isolado

Sentimentos desse jogo
Chamado ‘vida’
Golpeiam de todos os lados
E mostram o quanto é diferente

Aquilo que sentimos
Em relação à aquilo que temos

Sufocados pela necessidade
De não ficarmos sozinhos
Não notamos que tudo
Segue uma diretriz única,
A linha da dor

Sob esse prisma
Quanto mais ficava triste
Mais a desesperança o tomava
Quanto mais a solidão o sufocava
Mais estendia o braço
E sentia o vento gelado cortar a sua mão

Não tinha nada; continuou arraigado
À situação vigente que sempre viveu
Que é da solidão
Por todos os lados

segunda-feira, abril 11, 2005

Eu, Eu, Eu

O que escrever
Quando todas as palavras
São proibidas
Por você mesmo?

O que sentir
Quando você tenta ignorar tudo o que vem do coração,
fica sem rumo?
E sente cada vez mais solitário?

sábado, abril 09, 2005

O Sentido

Aquilo que enxergamos
Não é o caminho
Para encontrar
O que buscamos

A vida é igual para todos
O que a diferencia e a torna única para cada um
São os ínfimos momentos
Que temos e eternizamos conosco

É isso que nos mantém de pé
E o que nos torna dignos

Diante da superficialidade que nos cerca, viver com honra é uma dádiva

O materialismo intimida. Uma das vertentes mais incisivas dessa realidade são as cidades. Construções grandiosas, intimidadoras, que fazem com que nos sintamos inferiores, galvanizada por um sentimento degradante. Aquilo que subjuga o homem é algo que ele mesmo fomentou, ironicamente para demonstrar sua superioridade. Mas aí é que reside a questão nevrálgica. Mostrar tal onisciência a quem? A si próprio, como se vivesse em um embate introspectivo perene e tentasse obter uma pequena vantagem na situação? Não há uma resposta para isso e nenhuma outra pergunta, porque a certeza é a solução criada pelos tolos para se esconder da verdade e não encarar a realidade.
Delimitamos nossos limiares e limites. Erguemos nossas desavenças e instituímos nossa desilusão mediante aquilo que julgamos fugazmente, no afã de sempre encontrar a solução para as eternas perguntas errôneas e vazias.

quinta-feira, abril 07, 2005

Contexto

Nos campos
Ou nas cidades
O sangue do trabalhador
É o óleo
Da máquina inoperante capitalista

Faz parte de toda a sociedade
Com a sua força de trabalho
Contudo, no momento de usufruir daquilo que ajudou a construir
Aí observa o seu verdadeiro valor para aqueles que dão as ordens

Sujos, famintos, doentes, vítimas de todo o tipo de violência
Observam do lado de fora da estrutura social os porcos sorrindo e comemorando o lucro

E paradoxalmente, a força motriz de toda essa estrutura fica cada vez mais esmorecida

“Temos muitas diretrizes mas todas resultam em um ser único, uma alma absoluta. Pode ser que essa seja uma delas."

Abriu a porta e observou incontáveis rostos, que não conseguia distinguir. Simultaneamente, todos proferiam frases de forma serena mas que no conjunto da totalidade transformavam-se em um retumbante alvoroço sônico, que pousava no limiar da sua percepção. Essa, por sua vez, já pendia para o desequilíbrio e desespero. Era semelhante ao som de um túmulo sendo fechado. Amaldiçoando a si próprio, questionou-se quando pararia de enxergar tudo aquilo que não desejava para si.
Abriu os olhos. Agora caminhava pela rua. O dia era ensolarado. As pessoas falavam com ele. Não escutava. Palavras de alento eram ditas. Não sentia. Andava e o chão era imperceptível. Estava solitário. Não enxergava quem era. E queria muito se encontrar.

Olho para cima e o avisto novamente.
Sempre o vejo aí e nunca fala nada. Quem é você?
Ninguém. E se eu sou ninguém, sou você.
Esse é o seu mais puro cerne.


Durante o transcorrer do tempo, seja efêmero ou moroso, quando fecho os olhos,
Eu o enxergo. Empedernido, sóbrio, cáustico e é bem familiar.
Tenho que encará-lo mas não quero mais

Fecho os olhos mas ainda vejo tudo
Ele continua no mesmo lugar

domingo, abril 03, 2005

Uma forma de encarar o que se enxerga.

Doses homeopáticas do saber mais pleno
Conjuradas morosamente para abrir
Nossos olhos
E enxergarmos a essência do que é valioso para a alma

Nada valem
Quando simplesmente ignoramos
A simples ação
De encararmos a vida de forma sincera

Criamos a pífia imagem de nós mesmos. Materializamos o nosso invólucro e apresentamos a imagem que consideramos perfeita do nosso reflexo. Contudo, sempre escondemos as virtudes e expomos primeiramente nossos maiores demônios e as mais lancinantes imperfeições que temos. Quando confrontarmos nossos sentimentos de frente e aceitarmos nossos defeitos, aí sim mostraremos nossa essência, o que somos de verdade. A partir desse momento, seremos apenas nós mesmos e tudo será diferente. Naturalmente, o mundo será melhor. Genuinamente, teremos mais paz.

sexta-feira, abril 01, 2005

I

Sozinho
Solitário

Único
Um
Olhos descrentes
Mente cansada
Coração sem rumo
Caminho turvo

A dor é eterna
O sofrimento é opcional

Mas onde encontrar o valor
Quando grande parte
Do que se deseja
Não passa de um sonho vazio?