segunda-feira, novembro 28, 2005

Reminiscência do cotidiano

...e disse a si mesmo, chafurdado na desilusão que amotinava seus sentimentos, com a certeza plena que nada iria mudar: abençoado aquele que sozinho, não deixa a esperança ilusória ocupar o coração que insiste em acreditar no impossível. Olhou para os lados; não escutou nada. O silêncio evidenciava a solidão e como suas palavras tinham se perdido há muito tempo, quando ele próprio ainda não tinha notado. E equilibrando-se na fronteira do óbvio inexplicável, apenas continuou seu caminho.

sexta-feira, novembro 18, 2005

O senhor da própria vida

“Não tenho medo da morte
Tudo o que faço não tem importância,”
Afirmou resoluto o andarilho na encruzilhada,
No limiar da insanidade

Olhos negros e vazios
Exprimem a melancolia do tempo desperdiçado
A insignificância em que transformou suas esperanças
Era o fardo que carregaria eternamente

Tudo o que possuía
Sintetizava o nada que era por dentro
Uma alma chamuscada pelo fogo da honra
O silêncio gritante lembrava como ele era seu próprio algoz

Não conseguia enxergar
Estava sozinho, com tantos ao lado
E tudo o que queria
Era sentir que não era mais seu fantasma

quinta-feira, novembro 03, 2005

Liberdade

...livre de tudo, nada que prenda mente ou coração. A liberdade que ninguém deseja, que todos buscam ocultar nas sombras, em algum lugar inóspito onde nem os próprios medos são isolados. Tudo isso na tentativa de esquecer para sempre a liberdade de olhar para o lado e constatar que apenas você está presente. A liberdade vazia, que não preenche (nem chega perto) aquilo que deseja para a sua vida.
Livre de ninguém lembrar que você existe. Livre dos seus pensamentos e sentimentos serem importantes a alguém. Livre perante a tudo, menos a si próprio, que continua a aprisioná-lo no seu calabouço introspectivo.
A liberdade da solidão é a mais sórdida das prisões.