domingo, outubro 21, 2007

O trato do vencido rumo ao incerto glorioso

Recluso em um lugar que apenas eu conheço
Mas que não consigo lembrar
Olho para aquilo que procuro e não sei o que é
E fico cada vez mais forte
Ao abrir as portas do caminho dos questionamentos

Sozinho brado o pelotão da honra
As promessas quebradas
Remetem às páginas em branco do livro que eu insisto em ler
Estou vendo pela janela da escuridão
A tempestade não se move
E eu ainda estou de pé

Não há nada mais que eu possa sentir
Apenas a fronte decepcionada anseia pela integridade
Eu não sei escrever as palavras traçadas
A solidão ergue o que sou
Eu olho além do que eu consigo enxergar
E os sentimentos não respeitam o limiar da realidade

Solitário, ocasiono a decepção da alma
Sempre a alma despedaçada
Ninguém chora por aqueles que ainda estão vivos
Mas da ruína das noites intermináveis
A destruição torna-se a purificação
E é tempo da honra caminhar e prevalecer
Endireitar-se ao lado da melancolia
E travar o novo embate dos dias

domingo, outubro 14, 2007

Minutos de mais uma noite

Passos exasperados
Arrastados e presos por grilhões da melancolia
Memórias corrompidas pela verdade da vida
E acima o céu vivo é onipresente
E abaixo o cabelo é molhado pela chuva
Impossível diferenciar no rosto cansado os pingos das lágrimas

Não há lugar para equilibrar-se
Tudo fica escuro
E erguer os olhos é a sentença mais cruel

Adeus o que eu nunca senti
Bem-vindo tudo o que eu conheço
Os sinos do fardo a ser carregado retumbam
E por mais que eu não deseje
Preteri-los é a negação da minha alma

Um lugar para repousar
Onde heróis esquecidos caminham com honra
E você pode relaxar
Nenhum sentimento o machucará
Os cortes profundos serão memórias quase perdidas
E você não morrerá mais
Para ressuscitar e matar-se todo dia
Apenas para sobreviver

E no canto do medo
Onde sempre se remete todas as noites
Para chorar os minutos de cada dia
Haverá apenas o silêncio ensurdecedor de tempos longínquos e atuais
No paradoxo da solidão

sexta-feira, outubro 12, 2007

O prólogo do mesmo

Matar a dor antes que a vida esmoreça
Esconder a alma dos sentimentos
Caminhar apenas com as palavras dos dias estranhos

Não sei quanto eu acredito em mim
A escuridão é extremamente nociva
Mas é pungente
E consigo enxergar tudo que não preciso imerso nela

Não preciso escutar o que tenho a dizer
Posso conversar comigo
E no fim, termino na trilha sem saída
Em muros erguidos pelos meus medos

As sombras aumentam e sei o quanto são gélidas
Por mais que eu tenha perdido até aqui
Não sinto medo da penumbra
Com ou sem escuridão, o caminho será solitário

O que adiantam palavras?
O que ajudam sentimentos?
Para que servem pensamentos?
Qual a utilidade do certo e errado?
Quando somente eu escutarei a minha dor?

Não perdi a minha fé
Tamanha dádiva está guardada em algum lugar obscuro dentro de mim
E por enquanto, não quero e nem mereço encontrá-la
Tempo de matar todos os meus devaneios
Momento de encarar cada segundo indefinido
E seguir com a fronte em busca da honra e desprovida dos sentimentos ilusórios

Ninguém pode me salvar
Não há respostas miraculosas
Muito menos anos vindouros de glórias prometidas
Dependo apenas de mim e naquilo que eu creio

“... E longe de tudo, caminhou em frente com os olhos vendados, ora perto do abismo, ora perto da trilha...”