segunda-feira, setembro 24, 2007

A tempestade de cada minuto

Na febre dos meus medos
Observei a realidade absurda dos dias
E delirante, avistei as cicatrizes dos meus pensamentos equilibrando-se no abismo criado por mim
Dentro da escuridão, sonhei com palavras íntegras e salvadoras, mas agora tudo não passa de um rascunho esmorecido em uma mente condenada

Carrasco das minhas ações
Cada sentimento é uma sentença que desfiro contra minha alma
Cada palavra é um boicote à busca da negação do que sinto
A sinceridade é o perigo para aqueles cuja solidão é o fardo eterno

Noites intermináveis
Absorto pela exaustão
A verdade incendeia a esperança
Sem controle da dor

Não preciso criar arquétipos paradoxais da certeza
Os jogos ilusórios da minha mente são ruínas
E agora, as lágrimas queimam meu rosto todos os dias

sábado, setembro 22, 2007

Pensamento sucessivo de um dia

Da dor que os meus olhos não conseguem escapar
Da chama que aumenta ainda mais as sombras
Da vida que a cada momento precisa ser mais fraca para sobreviver
Honre o adeus que jamais será proferido de tudo o que sente e nunca vivenciou
Um tolo que possui a esperança na alma
E é acordado por lágrimas
Que apenas queimam o rosto
Honre o adeus que jamais será proferido de tudo o que sente e nunca vivenciou
A misericórdia acolhe aqueles que merecem
Surpreso com o que nunca desejou e agora faz parte de si
O labirinto da vida utiliza o ardil da sabedoria
A lição nunca bradada é aquela mais aprendida por quem ficará na companhia do nada eternamente: é confrontar-se com todos os sentimentos que carregam e nunca serão retribuídos
Honre o adeus que jamais será proferido de tudo o que sente e nunca vivenciou
Os olhos que enxergam a realidade repetidamente e sempre desabam toda vez que a encara é o retrato do cabisbaixo na penumbra
Do céu o carrasco inocente retumba lamúrias dissonantes
“O caminho que você tomou é flamejante irmão”
“Fulgurante como a dor que os seus olhos não conseguem esconder”
“Vivo como os sentimentos que gostaria de bradar todo dia sem causar cortes profundos dentro de você”
“Feridas esmagadas por alguém cansado”
“Ferimentos que não param de sangrar, espelhados em lágrimas ininterruptas”
“Irmão, há quanto tempo seus olhos estão descrentes?”
“Você consegue encarar-se e constatar o quão perdido está e como a solidão é vívida nos medos que tenta ocultar com a raiva já transmutada em melancolia?”
“Coragem àquele que apenas gostaria de não sentir mais nada”
Honre o adeus que jamais será proferido de tudo o que sente e nunca vivenciou

sábado, setembro 15, 2007

Retorno ao trivial

Olhos cansados demais
A penumbra torna-se o reduto da exaustão
Mate ou morra
Combata fogo com fogo
Idéias errôneas traçadas pelo andarilho perdido
Extremamente exausto para esconder os sentimentos
Desprotegido nos dias sem fim

Mãe da misericórdia, a solidão é tão certa e vívida na minha alma
Que eu até posso sentir frio
Sem palavras para expressar o óbvio
A aurora solitária apenas termina com o solstício das lágrimas
A realidade torna-se contundente a cada momento
Da solidão a solidão em passos difíceis
Fazer o que é certo para encontrar a honra

Ser sincero com os próprios sentimentos
Por mais que a consciência indique a trilha da melancolia
Destruir-se por completo
Para reerguer-se das cinzas da desesperança

Uma tempestade se forma dentro de mim
Céu carregado indica tempos difíceis
O plano-mestre não existe
Nada tenho a fazer
Há muito tempo não enfrento a tormenta
Dessa vez, a hora chegou

Sozinho para encarar tudo que eu gostaria de ignorar eternamente
Não quero construir o muro novamente e isolar tudo aquilo que me faz sentir vivo e morto ao mesmo tempo