quarta-feira, dezembro 21, 2005

Fim

Brasa esmorecendo nas cinzas, esmagada pela tormenta
Luz messiânica, salvadora, acolhedora, oprimida pela escuridão resoluta
Esperança vívida, olhos atentos acossados pela solidão concreta
Vazio, nada a frente
Término inefável
O fim nada mais é que o renascimento, a purificação através da destruição

terça-feira, dezembro 20, 2005

Esquecimento

Aquilo que é válido à minha pessoa tento apagar da memória, já que a saudade dos velhos tempos evidencia o quanto o futuro é incerto. Porque o inferno, o inferno é aqui, no meu pensamento. E como eu gostaria de não me importar com mais nada, escrevia o homem no memorando das suas covardias, sentado na pedra da vida, envolto pela melancolia e amparado nas sombras.
Memorando interminável, mas que já seria sepultado por apenas um ato de integridade genuíno do coração.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Lugar

Sim meu amigo, nada consigo enxergar devido à nevoa. Não sei se ela está presente no meu coração, alma ou pensamentos. A única certeza é que não consigo avistar o que virá pela frente, e se a aflição não é fomentada pela tristeza, sua fonte advém da mais sórdida dúvida, que sorrateiramente acomete todas as minhas ações.
Sinto como se um muro margeasse toda a minha trilha. Passado, presente e futuro paralelos a esse estigma ditatorial abstrato; o algoz das decisões que tomarei, o onipotente preterido. Aonde quer que eu esteja, não importa o que eu faça.
Não obstante, apesar de todos os desvarios, avisto dias de luta. E eu ainda estou inteiro.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

(Sem título)

Conto mentiras estranhas a mim mesmo
Não olho para nada além do abismo introspectivo
Olhos fracos não se erguem mediante a realidade
Forte é aquele que a encara
Mas o que fazer quando a mesma me enfraquece?

Dor lancinante abstrata
Perco a noção do tempo
Sinto como se enxergasse o cotidiano repetidamente
Lembro de tudo que quero esquecer
E não tenho nas lembranças o que sempre sonhei
Qual a distância a trilhar na vida?
Quando o caminho a ser percorrido para se autoconhecer é invisível?

Sombras para se esconder
Andar facilmente na linha da reclusão
E desequilibrar-se nos anos vindouros
Quantas vezes sonhar e perder-se no devaneio?
Apenas para acordar e enfrentar a acachapante verdade?

Confusão e desesperança na injustiça dos meus pensamentos
Esquecer os problemas e a aflição
Seria como fingir que não existo
Exausto no meu labirinto solitário
Com a visão pesada de procurar a saída
Porque a avisto sempre e não tenho como chegar até ela
Apenas posso admirar e rondá-la, como um fantasma
E sem forças fiquei quando eu vi como se chega à felicidade

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Abaixo da paz, descendo e descendo

Com as mãos atadas
Cansado e amparado no horizonte turvo
Vi o caminho cerceado por fendas obscuras
Pelotões da esperança marchando desordenadamente

Meus olhos arderam na estrada flamejante da verdade
Ergui a minha face e tentei render homenagens à minha honra
Mas eu sangrava por dentro
E não conseguia estancar a dor

Os pensamentos são a minha arma
Utilizo as aflições como escudo
Exausto, não entendi o óbvio
Nas cinzas da minha tristeza, queimava a centelha da integridade

Das minhas idéias tracei injustiças condenadas aos grilhões do tempo
Escrevi palavras cegas
Febril, imaginei devaneios heróicos
E acordei em meio à tempestade

Na escuridão enxerguei a mim mesmo
Dos erros proferidos alcei minha realidade
Plena, única, embevecida na solidão
A felicidade é um muro construído com frustrações e tristezas