quinta-feira, abril 07, 2005

“Temos muitas diretrizes mas todas resultam em um ser único, uma alma absoluta. Pode ser que essa seja uma delas."

Abriu a porta e observou incontáveis rostos, que não conseguia distinguir. Simultaneamente, todos proferiam frases de forma serena mas que no conjunto da totalidade transformavam-se em um retumbante alvoroço sônico, que pousava no limiar da sua percepção. Essa, por sua vez, já pendia para o desequilíbrio e desespero. Era semelhante ao som de um túmulo sendo fechado. Amaldiçoando a si próprio, questionou-se quando pararia de enxergar tudo aquilo que não desejava para si.
Abriu os olhos. Agora caminhava pela rua. O dia era ensolarado. As pessoas falavam com ele. Não escutava. Palavras de alento eram ditas. Não sentia. Andava e o chão era imperceptível. Estava solitário. Não enxergava quem era. E queria muito se encontrar.

Olho para cima e o avisto novamente.
Sempre o vejo aí e nunca fala nada. Quem é você?
Ninguém. E se eu sou ninguém, sou você.
Esse é o seu mais puro cerne.


Durante o transcorrer do tempo, seja efêmero ou moroso, quando fecho os olhos,
Eu o enxergo. Empedernido, sóbrio, cáustico e é bem familiar.
Tenho que encará-lo mas não quero mais

Fecho os olhos mas ainda vejo tudo
Ele continua no mesmo lugar