domingo, dezembro 03, 2006

Cáustico

Na insônia da solidão
Escondeu as lágrimas nos cantos mais obscuros da alma
Sentia-se fraco, a escuridão era a única presente
Mas no mundo cínico em que vivia
A necessidade de fingir que era forte e composto do vazio que afasta tudo que seja vivo sempre prevalecia

Delírios sóbrios delimitavam cada passo
Noite eterna ritmada por passos irradiados de erros repetidos eternamente
Para sobreviver, ignorava a si próprio cada vez mais
Andarilho do nada, estava à procura da distorção da dor
Buscava respostas tempestuosas na calmaria agonizante que sentia

Ao seguir a honra nos desígnios das suas ações
Observou que seria mais um nos contos injustos da vida
Nem melhor ou pior, apenas outro que errou ao tentar escrever linhas certas em um livro que nunca será lido
Dissidente da própria esperança, voltou às evidências daquilo que acredita
Não precisa de ninguém para lembrá-lo da salvação
Ainda enxerga a vida, mas não pode senti-la nos olhos

Traçou mapas da esperança
Mas não tinha coragem de segui-los
O que fazer quando o sentimento mais sincero aponta o caminho e é impossível ir em frente por causa de cicatrizes nunca sofridas?
Na destruição que remete ao início, não conseguia encontrar a própria gênese
Não procurava respostas, apenas não queria enxergar mais o obscuro