domingo, novembro 19, 2006

O idiota

Um tolo precisa de salvação a cada instante
Caminha nas sombras incertas dos próprios medos
Sempre carrega aquilo que nunca existirá
E vivencia momentos que nunca acontecerão
Do alto da própria tristeza certificou-se como é pequeno quando toma consciência das suas fraquezas

Não precisa despedir-se de ninguém para ir embora, sua presença nunca foi percebida
Sempre está à procura da luz para encontrar o caminho de casa
Mas como pode ter um lar para repousar a alma
Quando se é um nômade da melancolia e solidão?
E os passos para o incerto lembram sempre que nada, nada na vida é como sonhamos

No topo da própria desilusão
Leu as páginas da sua vida até ali e percebeu como estava sem rumo
E essa história seguiria imutável, o livro dos seus dias já estava escrito há muito tempo
Conversar com si próprio é a decisão mais difícil
Não há como se consolar quando a dor faz-se presente sob todas as formas

Um idiota com muito a falar mas que ninguém quer escutar
Aliás, será que ele merece a atenção de alguém?
Será que ele merece, algum dia, ser notado?
Um idiota na vida cuja única certeza conquistada até agora é saber o significado do termo ‘solitário’ na sua plenitude

O idiota segue o seu caminho
Lutando contra tudo, o embate também é introspectivo
Tudo isso para conscientizar-se que talvez o fardo da solidão seja o castigo da sua vida
Perdido nas palavras, ninguém sabe o quanto ele já se sentiu sozinho
E apenas o seu isolamento presenciou quantas lágrimas já derramou até hoje