sábado, maio 28, 2005

Melancolia

Quando você começa a pensar quem você é realmente ou como fazer para descobrir isso e olha à sua volta, as coisas ficam um tanto complexas. Nada de discursos revolucionários, eloqüências esquerdistas ou referências niilistas. É uma questão de apenas abrir os olhos e enxergar que nos dias de hoje, a honestidade e a ética talvez sejam os princípios mais subversivos que alguém pode adotar. Você tenta construir uma vida inteira embasada no caráter. Tudo para quando chegar à hora de passar sua experiência para um filho ou qualquer outra pessoa que dependa das suas palavras para construir a própria identidade, você tenha o que falar por ter feito aquilo que levanta como correto.E aqueles que levam uma vida baseada em princípios são os que mais enfrentam dificuldades e sofrem com as opções e caminhos que seguiram. A essência humana é extremamente complexa e egoísta. A história da humanidade mostra como somos tacanhos e que na primeira oportunidade, fazemos de tudo para alavancar nosso bem estar social, relegando todos os valores coletivos para a última gaveta da nossa mente. Assassinamos o bom senso no primeiro momento em que a conveniência aparece na nossa frente.
Por todo lado, a sociedade te instiga a ser um calhorda de marca maior. Os discursos hipócritas de exemplos e símbolos altruístas continuam a fulminar nossos olhos. Mas a ação diária, a prática, mostra como podemos seguir por uma trilha ignóbil, desprovida de qualquer consciência. E o pior é que as desculpas já estão prontas para justificarmos os erros; o ciclo vicioso já deixa a estrutura da ignorância a nosso serviço. As mazelas estão em todos os lugares e se eu ficasse escrevendo aqui sobre cada uma, isso não iria acabar nunca. Aliás, eu não teria condições e nem propriedade para agir dessa maneira. Até porque eu não sou ninguém, apenas enxergo que cada vez mais é difícil viver. Porque eu sei o não quero ser e cada vez mais as opções existentes são minuciosamente as que eu tenho ojeriza de seguir. Não vou me tornar o que eu odeio. Prefiro ser ‘um nada'.