segunda-feira, maio 16, 2005

Mais uma

Antes que conseguisse falar algo, pensou. E muito. Quem daria ouvidos? Aliás, merecia a atenção de alguém para proferir algumas palavras? Tinha feito algo de valor para ter esse merecimento? Quem poderia ajudar com o que tinha para dizer?
Achava que suas palavras eram sábias, mas quem além dele tinha essa opinião? Não passava de um completo idiota, que não sabia porcaria nenhuma e cuja 'sabedoria' eram citações que beiravam ao ridículo.
Observando bem - coisa que não fazia há muito tempo - constatou que ninguém estava ao seu lado para escutá-lo (realidade e merecimento misturavam-se nessa justiça poética destinada aos tolos fúteis). E para não açoitar nem o silêncio com palavras inúteis e pensamentos cretinos, resguardou o seu lixo abstrato para si e pôs se a caminhar novamente na trilha dos ignorantes, que sempre seguiu e nunca abandonará.