domingo, junho 26, 2005

Guerra

...acordou no campo de batalha. Sangrando e com frio, sentia um torpor angustiante que paradoxalmente lhe trazia serenidade. Ao fundo, escutava os tiros de canhões, as bombas, os gritos de desespero. O cheiro da morte impregnava o ar. A foto da amada estava ao seu lado, suja de terra. Tentou se mexer. Tossiu sangue.
Tinha vinte e um anos. Era filho único. Pensava na sua família e na sua garota. Ambos estavam tão longe. A dor apareceu de repente, quase o deixou inconsciente. A visão ficou turva. A respiração tornou-se difícil. As lágrimas umedeceram os olhos. Escutou o rifle engatilhar. Viu a sombra do seu chacal. Era o delírio de um moribundo ou seu algoz sorria mesmo? Um clarão tomou conta do local fugazmente. De súbito, a dor sumiu...