sexta-feira, julho 01, 2005

Mosaico de uma mente (Partes I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII)

Cáusticos discursos tentam nos enfraquecer nas entrelinhas do cotidiano
Discrepâncias dissonantes intrínsecas ao contexto em que vivo
Apenas pioram a situação
Deixou apenas uma fresta aberta entre seu mundo e a realidade

A tristeza parece inexpugnável e perene
A desilusão é o âmago de tudo
Foi nesse momento, porém, que tudo se encaixou (im)perfeitamente
O nada carregava-o para o infinito

Hoje não vou escrever sobre minhas angústias ou sentimentos
Estava preso no labirinto da vida
Prisioneiros do próprio pensamento
A inabilidade de pensar é a arte da ignorância

Porque eu sou a Morte e te quero bem
Congruente, discerne de todo o óbvio
Use o machado meu grande amigo, ó estimado irmão
Apenas ajoelhou e malogrou o caminho que escolheu

Os olhos estão ardendo
Chafurdado na auto-indulgência que o corroia morosamente
Sofismo
Um som lúgubre ecoa a altos brados

O acorde do inevitável
Combata fogo com fogo
Continuou até que a desilusão o despertou
O silêncio é algo que ninguém aproveita

Tempos de morte do caráter
E aspirou o ar benevolente da cordial empáfia que tentava expurgar de si próprio
Olhos descrentes
Doses homeopáticas do saber mais pleno

Era semelhante ao som de um túmulo sendo fechado
Observam do lado de fora da estrutura social os porcos sorrindo e comemorando o lucro
Aquilo que subjuga o homem é algo que ele mesmo fomentou
Não é o caminho

Quando você tenta ignorar tudo o que vem do coração, fica sem rumo?
E sentia o vento gelado cortar a sua mão
Tinha medo de encarar-se
Olhos negros e vazios nos espreitam

Na penumbra, não conseguiu encontrar a sua alma entenebrecida pela angústia
A nulidade é o auge da boçalidade
A repressão é existencial
Esquecer aquilo que nunca existirá é a mais árdua de todas as dificuldades

Alienado pela coerção da solidão mordaz
Sentado no muro da ignorância
Como o inexistente pode ser tão real e concreto?
O homônimo da opressão é a indiferença

Quando não há nada para escrever linhas vazias já dizem tudo
Quais são os meus pontos fracos para eu me derrubar?
A dor é um conceito criado para delimitarmos a incompreensão emotiva
O dia e a noite já não fazem diferença?

Somente olhou para o escuro sufocante
Sorrindo, a angústia respondeu que só ficava do lado daqueles que permitiam
A fragilidade pungente é a matéria-prima para a injustiça institucionalizada
Pode ser que eu seja um errante incondicional

Resguardou o seu lixo abstrato para si
‘Solidão’
Precações soturnas estão ávidas pela sanha da discórdia
Ruínas de dias gloriosos

A honestidade e a ética talvez sejam os princípios mais subversivos que alguém pode adotar
Como seguir em paz quando os próprios olhos são arautos da melancolia?
O solstício da amargura evidenciava-se atemporal
Sou meu próprio inimigo

A história nunca chegará ao fim porque jamais teve um começo
E a enganosa calmaria continua a dopar nossa visão
Estou no meio da terra devastada
O epílogo do inferno

Aliás, a exasperação tem forma de algo?
Esperando o abstrato
Para reverenciar lápides esquecidas nas sombras do medo
O grito de desespero é apenas um suspiro de lamentação

As lágrimas umedeceram os olhos
A realidade é o contraponto da vida que ignoramos e insistimos em preterir
Por favor, eu ainda não estou dormindo
Quero beber, sorver mais algumas dúvidas